Uma cerâmica do Ceará é a pioneira entre todas as indústrias no Brasil a utilizar o Gás Natural Renovável, ou biogás, em seu processo produtivo. O gás utilizado para suprir a produção de 93.000 metros quadrados de cerâmica por dia, é distribuído pela Cmpanhia de Gás do Ceará, que gera, 73 mil m3 por dia para a cerâmica.
O biogás é proveniente do Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (ASMOC), que recebe diariamente 3 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares.
A iniciativa, espera-se uma redução de 57% na emissão de poluentes ao ano, além da redução dos custos de exploração, receitas adicionais para a empresa, cumprimento dos parâmetros ambientais, redução de contaminação do solo e lençóis freáticos.
“O preço do GNR é o mesmo do GN e tivemos ainda que ajustar nossos equipamentos para o uso do biogás. Nossa maior motivação é a diminuição da emissão do gás metano na atmosfera, gerando um benefício global”, destacou Mariana Mota, diretora industrial da cerâmica.
Biogás no Brasil
Em se tratando de biogás, outros importantes projetos já são referência no país, como o Aterro de Caieiras (SP) e a maior termelétrica da América do Sul abastecida com energia renovável. Na geração de energia elétrica, o Sistema Integrado Nacional (SIN) pode se beneficiar com o biogás, gerando próximo às cargas, reduzindo a pressão energética sem necessidade de blocos de energia e atravessando o país em linhas de transmissão.
Contudo, com mais de dois mil aterros no Brasil, só 15 geram energia elétrica por biogás. O biogás de aterro é uma alternativa para gerar energia elétrica nas cidades a partir dos resíduos sólidos urbanos (RSU), fonte com produção local e regular. O biogás que começa a ser produzido na área de geração de energia elétrica teria capacidade para suprir 25% da energia consumida no Brasil num ano. A meta é ter até 2030, 30 milhões de metros cúbicos/dia de biometano, 40% do consumo atual de gás natural no Brasil.
Já existem mais de 10 mil instalações de geração distribuída no Brasil e uma potência instalada com mais de 100 mil megawatt. Segundo a Aneel, estima-se que em 2024 mais de 1,2 milhão de consumidores produzirão sua própria energia, o equivalente a 4,5 giga watts (GW) de potência instalada, onde biogás representará parte significativa dessa energia.