O ano de 2016 foi agonizante para as comunidades do Tocantins com a longa permanência de uma seca avassaladora que atinge o estado. Com um trabalho em conjunto, o Instituto Ecológica está entregando a essas comunidades esperança e conscientização com o Projeto de Reflorestamento de Nascentes na Bacia do Ribeirão Taquarassu.
Entrevistamos o Gerente Técnico da Sustainable Carbon, Marcelo Haddad – que colabora com o projeto – sobre este importante trabalho. Haddad viaja periodicamente para o Tocantins e arregaça as mangas para trabalhar lado a lado a comunidade local para recuperar a região.
P. Como nasceu o projeto de reflorestamento de nascentes e qual o principal objetivo?
No final de 2015, o Instituto Ecológica foi selecionado para receber recursos de um fundo internacional com o objetivo de promover a restauração florestal em áreas degradadas. O projeto submetido pelo Instituto Ecológica contempla a construção de um viveiro florestal para a produção de mudas nativas, que serão utilizadas para restaurar 20 nascentes degradadas na Bacia do Ribeirão Taquarussu, um dos principais mananciais que abastecem Palmas, a Capital do Estado do Tocantins.
Em 2016, a Bacia do Ribeirão Taquarussu passou por uma das mais severas secas em sua história, onde muitos rios secaram. Esta situação é extremamente preocupante, pois aproximadamente 70% da água que abastece Palmas vem desta bacia hidrográfica.
P.Conte um pouco pra gente quais as principais etapas do projeto.
A primeira etapa do projeto foi a construção do viveiro no ponto central da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Taquarussu. Depois, passamos a coletar sementes de espécies arbóreas/arbustivas nativas da região, presentes em áreas de nascentes e matas ciliares para a produção de mudas – cerca de 20.000 mudas de 35 espécies diferentes.
Foi então que identificamos as nascentes degradadas aptas a receberem as atividades de restauração e iniciamos o plantio e a manutenção das mudas nativas.
P. Quais são os maiores desafios do projeto de reflorestamento de nascentes?
Até agora, reflorestamos 14 nascentes degradadas. Das 20 nascentes identificadas, apenas 5 possuíam água, fato decorrente da forte estiagem no ano 2016. A presença de fatores de degradação na Bacia Hidrográfica é marcante. Na maioria delas foi encontrada sinais de fogo, gado, e trilhas de motos.
O maior desafio será a conscientização da população sobre a importância da conservação de nascentes e mata ciliares para a manutenção da qualidade e quantidade de água dos mananciais.
Além disso, todos os anos ocorrem incêndios de grandes proporções na região, incontroláveis, que são provocados pelo homem. É importante a população tomar conhecimento das consequências do uso do fogo, que normalmente fogem do controle na época da seca, e causam enormes prejuízos ambientais para a biodiversidade.
Portanto, todos os esforços que estamos fazendo com este projeto, com mais de 1 ano de trabalho para produzir as mudas e reflorestá-las, pode ser destruído em poucas horas por um incêndio incontrolável que assombra todos os anos a Serra do Taquarussu.
P. O que o projeto representa para as comunidades locais? Quais os benefícios para eles?
O envolvimento com a comunidade é um fator importante para a manutenção do projeto.
A comunidade local cuida das etapas de coleta de sementes, produção de mudas, plantio e monitoramento, gerando uma fonte alternativa de renda para eles, além dos benefícios em longo prazo resultantes da melhoria na qualidade e quantidade de água na Bacia alvo deste projeto.
O projeto ajudou a treinar a comunidade local em atividades relacionadas à produção de mudas nativas e recuperação de áreas degradadas. Estima-se que aproximadamente 20 pessoas da comunidade local foram envolvidas com as atividades deste projeto. As principais atividades foram: construção, coleta de sementes, produção de mudas (plantio de sementes e manutenção do viveiro), plantio de mudas no campo, e manutenção de reflorestamento.