Enquanto chefes de estado e governadores, líderes de negócios e sociedade civil de todo o mundo se reuniam em Davos para o 50º Fórum Econômico Mundial no fim de Janeiro, sustentabilidade – incluindo emergência climática – liderou as discussões como nunca antes.
Considerado um chamado de emergência, o discurso da ativista climática Greta Thunberg marcou uma mudança de tom das últimas reuniões em Davos. Mas, a emergência climática permeou o encontro deste ano além das notas de rodapé, com o Relatório de Risco Global do Fórum atribuindo todos os riscos de longo prazo às ameaças de sustentabilidade, pela primeira vez na história do documento.
O IPCC estima um orçamento de 800 Gt de CO2 para esse século, se quisermos prevenir o aquecimento acima de 1,5ºC. Mas, somente a produção de materiais irá nos retirar do limite, com 900 Gt de emissões de CO2. As economias que podemos fazer com eficiência energética e energia carbono zero apenas levarão o cenário para 648 Gt. Mesmo que consigamos uma energia 100% carbono zero até 2050, as emissões irão exceder nosso orçamento de 300 Gt de CO2. Com o consumo de recursos estimado para dobrar até 2050, precisamos repensar drasticamente todo o nosso modelo de economia, se quisermos atingir a meta de 1,5ºC, e o tempo está se esgotando.
Davos 2020 mostrou que, mais que nunca, empresários e líderes compreendem que o modelo atual de “pegar-fazer-descartar” – manufatura em larga escala e ciclos curtos de consumo – estão nos empurrando rumo a um ponto sem retorno. Mas, apesar disso, nosso mundo ainda é apenas 9% circular. 91% de combustíveis, mineriais, metais e biomassa que entram na economia não são reutilizados. Para fazer bonito nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e no Acordo de Paris, precisamos mudar para um modelo econômico circular já.